sábado, março 04, 2006

Onde está o Projecto?

Eu não o vejo em lado nenhum, não faço ideia onde alguns Sportinguistas vão buscar essa ideia tão engraçada de que o futuro do Sporting passa pelo plano de Soares Franco.

- Desde logo não vejo uma unica proposta em relação á importância (fundamental a meu ver) do papel dos Sportinguistas (sócios e adeptos) no futuro do Clube.

O exemplo dado em relaçao á obrigação de aumentar as receitas de quotização é um paradigma sobre a dificuldade que estas pessoas têm para lidar com a componente humana, prioritária a meu ver, que faz do Sporting o grande Clube que é.

Postos perante a necessidade de aumentar as receitas provenientes da quotização, alguma vez passou pela cabecinha destes simplórios cativar um maior número de Sportinguistas a participar no esforço conjunto de desenvolvimento do Clube? Claro que não, a solução, muito mais a gosto de personagens de tão escassa inteligência, foi o simples aumento da quota mensal, deixando de lado essa “chatice” de ter de lidar com gajos que ainda por cima assobiam por tudo e nada, ou pior, fazem perguntas indesejadas. Se 29 mil deles já são uma chatice, olha se fossem o dobro, ou mesmo o triplo, nosso senhor nos valha!!!

- Propostas para o reforço e investimento no Sporting eclético, que foi desde sempre uma das caracteristicas base do Clube, também não existem.

Sim, o homem, entre tantas semi-promessas, lá diz que quer construir um pavilhão, se... existir terreno, os bancos deixarem e mais importante, mas isso sou eu a afirmar, conseguir construir um pavilhão com 2.5 milhões de euros. Ora se o nosso multidesportivo custou mais de 8 milhões, em que tipo de pavilhão estará o homem a pensar? Um rectângulo de piso em madeira com cadeirinhas da praia á volta e aqueles projectores do AKI a 25€ a unidade como iluminação?

Uma pista para o Atletismo nem mencionada é, embora seja uma ferramenta indispensável para a modalidade e que não implica sequer avultados investimentos.

Depois há a atitude... quando posto perante a questão da estratégia que tem para as amadoras, a sua resposta é sintomática:

“Não tenho, existe apenas uma condição. Devem ser auto-suficientes”.

Isto para quem é apontado como tendo uma visão clara e responsável para o futuro do Sporting é uma machadada demasiado forte. Então e partirá de quem o esforço para que as modalidades sejam auto-suficientes, do Chico do talho? Do Manel do quiosque? Do Zé da farmácia?

- O “motor” do Clube, o futebol, é dado como a absoluta prioridade para o futuro e onde se baseia grande parte do projecto de Soares Franco.

E qual é a grande proposta, o golpe de asa, o el dorado da gestão do Filipe?

Vender as infraestruturas construidas há pouco mais de 3 anos e que se destinavam a providenciar receitas, para com as mais valias poder cumprir o acordado com os bancos e não vender jogadores nos próximos 4/5 anos.

É este o projecto do homem, tentar (sublinho o tentar) cumprir uma promessa que foi feita a todos os Sportinguistas há 10 anos e que deveria ter atingido a sua “due date” o ano passado.

No entanto neste post não quero lembrar o passado, até porque há Sportinguistas que não gostam, acham que é uma atitude negativa e mesquinha estar sempre a mencionar o passado do Clube, salvo se fôr para recordar factos que os ajudem a defender a gestão passada e a figura sacrossanta do co-optado.

Por isso mesmo, não indo buscar os exemplos, abundantes, que o passado recente nos providenciou, eu pergunto:

Para a gestão do plano futebolistico, para que o esforço financeiro posto na modalidade seja bem aplicado, para que se possam potenciar os nossos pontos fortes e desenvolver aqueles onde somos mais fracos, para que seja elaborada uma estratégia única a ser seguida sem desvios, que figura tem Filipe Soares Franco para apresentar aos Sportinguistas que dê garantias de que esses objectivos podem ser atingidos?

E que tipo de estratégia será posta em marcha? Vamos continuar com o tecto salarial? Vamos apostar finalmente nos nossos jovens? Que premissas serão utilizadas na escolha dos eventuais reforços? Continuaremos a apostar na “carteira” de jogadores dos amigos de sempre?

E para responsável técnico, a aposta recairá, como Soares Franco parece ter indicado, no actual treinador Paulo Bento, que cumpre a sua primeira temporada como treinador profissional? Ou teremos finalmente em Alvalade alguém com experiência e a qualidade suficiente para maximizar as potencialidades daquilo que temos?

- Finalmente o lado económico. Como já percebemos (creio que está claro, é o próprio Franco a afirmá-lo), o principal esforço financeiro imediato será no sentido de resolver o problema de tesouraria que é suposto o Sporting ter lá para Junho de 2006. Esqueçam o futuro, o planeamento a longo prazo, as bases para um Sporting sustentável... o importante é chegar a Maio e ter cumprido o que foi acordado com a banca por... Filipe Soares Franco.

E atenção que não sou eu que o digo, é o co-optado que o assume:

“Ao aprovar-se este projecto e estas alienações há uma coisa que garanto a todos os sportinguistas. Quando acabar o mandato, em Maio deste ano, o Sporting pagou e cumpriu com todos os seus compromissos e tem dinheiro na caixa para viver.”

Ora então diga-me lá quem souber, onde está o maldito do projecto, que eu não o consigo ver em lado nenhum?