O meu “eu” vermelhusco
Nos primeiros anos de vida, naquela fase em que a criança quer tudo mas pouco sabe, fui “violentado” pela familia mais próxima no sentido de abraçar a condição galinácea.
Felizmente, e como é óbvio, o meu gene do bom gosto, da verticalidade e da higiene levou a melhor e hoje posso afirmar sem sombra de dúvida que sou um homem inteiro!!!
Mas foi uma batalha dificil, que combati com as armas que estavam ao meu alcance... uma garganta forte e pronta a berrar ao primeiro sinal de ataque e uma atitude de tresloucado mental, que me fazia dar cabeçadas na parede (com uma inclinação especial para as esquinas, vá lá saber-se porquê) e pontapear todo e qualquer objecto que apanhasse naqueles dois metros mais próximos.
Mas o sub-consciente Leonino foi sempre mais forte, nem que para isso tivesse de me tornar adepto do Boavista (porque tinha um tipo que jogava de luvas pretas) e do Bayern, que por aquela altura dominava a Europa do futebol que me chegava pela TV a preto e branco.
É verdade e reconheço, conheci o sitio onde joga a equipa de vermelho muitos anos antes de entrar em Alvalade. Ainda não sabia ler nem contar mas já sabia os nomes dos jogadores do clube das papoilas. O disco da final dos 5-3 contra o clube comparsa do regime do país vizinho ecoava todo o santo dia pelo quarto, no relato de bom gosto do “nosso” Artur Agostinho.
Na memória ficaram algumas deslocações ao terreno do inimigo, como aquela noite da goleada ao Estoril, que terminou mais cedo porque explodiu um jipe fora do estádio e as galinhas, naquela sua atitude corajosa que sempre revelaram, puseram-se todas em fuga... e lá vim eu a pé até á Estefânia.
Ou uma outra noite em que os adversários eram uns tipos cabeludos (na verdade eram todos, que as equipas naquela altura pareciam bandas de Heavy Metal) provenientes de um país qualquer chamado Uruguai. Pode parecer curioso, mas esse jogo também não acabou, porque a dada altura aquilo derivou mais para o estilo luta-livre. E mais uma vez retenho a imagem de um jogador da equipa das penas, a fugir que nem uma perdida por aquele 3º anel acima (sinceramente nem me lembro se já existia 3º anel), com medo dos matulões sul americanos... sim o jogador era o tipo que apanhava da mulher, aquele tipo baixote e de bigode que anda por lá a limpar as sanitas.
O momento final, o decisivo, aquele em que definitivamente soube que poderia não vir a ser adepto de nenhum clube mas que não cederia ás pressões familiares, foi quando me obrigaram a representar a associação recreativa, neste caso no aviário a que chamam casa do benfica de Santarém.
E nem foi preciso muito, acho que nem um mês necessitei para me ver livre daquele castigo cruel que ainda hoje me persegue e que certamente deixou marcas psicológicas irreversíveis.
Enfim, é uma estória triste, e nesta noite de festejo não quero que se deitem com a caixa de kleenex’s ao lado e os olhos vermelhos de tanta lágrima.
Este post tem um objectivo, e esse é agradecer aos poucos amigos (diria mesmo conhecidos) benfiquistas a prestimosa ajuda que deram ao Sporting no seu caminho para o título!!!
Quanto á escória restante, ou seja aos outros 99,08% de adeptos do clube que se debate com o problema do H5N1, deixo apenas um conselho... aproveitem esta semana para tomarem o banho anual e já agora... felicitações ás caras metade, que pelos vistos não disfrutavam tanto sexualmente desde aquele longínquo 1963, quando o tremoço ainda era considerado uma iguaria culinária. Mas atenção, donas de casa vermelhas, aproveitem ao máximo todos os 12 segundos, que tenho a ligeira impressão que este ano não se voltam a repetir.
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