Sejamos todos Casimiros
Estimado ouvinte, já que agora estou consigo, peço apenas dois minutos de atenção
É pra contar a história de um amigo, Casimiro Baltazar da Conceição
O Casimiro, talvez você não conheça, a aldeia donde ele vinha nem vem no mapa
Mas lá no burgo por incrível que pareça era, mais famoso que no Vaticano o Papa
O Casimiro era assim como um vidente, tinha um olho mesmo no meio da testa
Isto pra lá dos outros dois, é evidente, por isso façamos que ia dormir a sesta
Ficava de olho aberto, via as coisas de perto, que é uma maneira de melhor pensar, via o que estava mal e como é natural, tentava sempre não se deixar enganar (e dizia ele com os seus botões) :
Cuidado Casimiro, cuidado Casimiro, cuidado com as imitações
Cuidado minha gente, cuidado minha gente, cuidado justamente com as imitações
Lá na aldeia havia um homem que mandava, toda a gente, um por um, por-se na bicha e votar nele, e se votassem lá lhes dava um bacalhau, um pão-de-ló, uma salsicha
E prometeu que construía um hospital, uma escola e prédios de habitação e uma capela maior que uma catedral, pelo menos a julgar pela descrição, mas...
O Casimiro que era fino do ouvido, tinha as orelhas equipadas com radar, ouvia o tipo muito sério e comedido mas lá por dentro com o rabinho a dar, a dar e... punha o ouvido atento, via as coisas por dentro, que é uma maneira de melhor pensar, via o que estava mal e como é natural, tentava sempre não se deixar enganar (e dizia ele com os seus botões) :
Cuidado Casimiro, cuidado Casimiro, cuidado com as imitações Cuidado minha gente, cuidado minha gente, cuidado justamente com as imitações
Ora o tal tipo que morava lá na aldeia, estava doido, já se vê, com o Casimiro, de cada vez que sorria à plateia, lá se lhe viam os dentes de vampiro
De forma que pra comprar o Casimiro, em vez do insulto, do boicote, da ameaça disse-lhe, "Sabe que no fundo o admiro, vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça"
Mas... O Casimiro que era tudo menos burro, tinha um nariz que parecia um elefante, sentiu logo que aquilo cheirava a esturro, ser honesto não é só ser bem falante
A moral deste conto vou resumi-la e pronto, cada qual faz o que melhor pensar
Não é preciso ser, Casimiro pra ter, sempre cuidado pra não se deixar levar
Letra de Sérgio Godinho, 1979
É pra contar a história de um amigo, Casimiro Baltazar da Conceição
O Casimiro, talvez você não conheça, a aldeia donde ele vinha nem vem no mapa
Mas lá no burgo por incrível que pareça era, mais famoso que no Vaticano o Papa
O Casimiro era assim como um vidente, tinha um olho mesmo no meio da testa
Isto pra lá dos outros dois, é evidente, por isso façamos que ia dormir a sesta
Ficava de olho aberto, via as coisas de perto, que é uma maneira de melhor pensar, via o que estava mal e como é natural, tentava sempre não se deixar enganar (e dizia ele com os seus botões) :
Cuidado Casimiro, cuidado Casimiro, cuidado com as imitações
Cuidado minha gente, cuidado minha gente, cuidado justamente com as imitações
Lá na aldeia havia um homem que mandava, toda a gente, um por um, por-se na bicha e votar nele, e se votassem lá lhes dava um bacalhau, um pão-de-ló, uma salsicha
E prometeu que construía um hospital, uma escola e prédios de habitação e uma capela maior que uma catedral, pelo menos a julgar pela descrição, mas...
O Casimiro que era fino do ouvido, tinha as orelhas equipadas com radar, ouvia o tipo muito sério e comedido mas lá por dentro com o rabinho a dar, a dar e... punha o ouvido atento, via as coisas por dentro, que é uma maneira de melhor pensar, via o que estava mal e como é natural, tentava sempre não se deixar enganar (e dizia ele com os seus botões) :
Cuidado Casimiro, cuidado Casimiro, cuidado com as imitações Cuidado minha gente, cuidado minha gente, cuidado justamente com as imitações
Ora o tal tipo que morava lá na aldeia, estava doido, já se vê, com o Casimiro, de cada vez que sorria à plateia, lá se lhe viam os dentes de vampiro
De forma que pra comprar o Casimiro, em vez do insulto, do boicote, da ameaça disse-lhe, "Sabe que no fundo o admiro, vou erguer-lhe uma estátua aqui na praça"
Mas... O Casimiro que era tudo menos burro, tinha um nariz que parecia um elefante, sentiu logo que aquilo cheirava a esturro, ser honesto não é só ser bem falante
A moral deste conto vou resumi-la e pronto, cada qual faz o que melhor pensar
Não é preciso ser, Casimiro pra ter, sempre cuidado pra não se deixar levar
Letra de Sérgio Godinho, 1979
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