terça-feira, fevereiro 21, 2006

Estádio José Alvalade

O unico e insubstituível nome do Estádio do Sporting Clube de Portugal.

Na continuação do post anterior, deixo hoje a minha opinião em relação ao “pilar” do Projecto Roquette que resta aos que querem fazer a defesa de quase 11 anos de gestão “profissional” para que possam dizer algo de positivo da dita.

Fui sempre defensor da opção do estádio camarário, tendo em conta as dificuldades financeiras do Sporting (da generalidade dos clubes portugueses para ser preciso), que me levavam a pensar que sem antes equilibrar a gestão do Clube não se deveria partir para investimentos elevados... daí ter defendido também uma solução de Academia nos moldes da que foi escolhida pelo fc porto.


Nunca acreditei plenamente na justificação dos custos com a manutenção do antigo Alvalade, sabendo no entanto o estado de degradação a que as várias Direcções haviam deixado chegar aquela infraestrutura.

Só que quanto mais escutava essa “desculpa” mais pensava que um estádio de “nova geração” implicaria, pelo tipo de estruturas a ele associadas (écrans video, sistema de som, cobertura das bancadas, sistemas de iluminação ambiente, equipamento vário desde escadas rolantes e elevadores até aos “luxos” instalados nos camarotes) um custo de manutenção que não ficaria certamente abaixo (e muito provavelmente até acima) daquele que tinhamos no antigo estádio.

As condições para quem assiste ao jogo são bastante melhores? Pode ser que sim, embora de absolutamente positivo só consiga imaginar o facto de não se apanhar chuva e de o campo de visão ser melhor (ou diferente, dependendo dos gostos pessoais de quem vê a bola).

Naturalmente existem factores que se calhar relevo para 2º plano injustamente (questões de segurança, melhor atendimento nas áreas de restauração, os tais equipamentos modernos que mencionei anteriormente etc...) e que conjugados enriquecem e de que maneira toda a experiência do espectador que vai ao estádio.

No entanto é preciso notar que, perguntando a um Leão daqueles que tiveram a sorte e privilégio de ver jogar os “5 Violinos”, se trocariam a possibilidade de não terem assistido a espectáculos tão bons em troca por melhores condições no estádio, tenho quase a certeza que 95% deles diriam que nem que fosse em pé e na lama, prefeririam sempre os “5 Violinos”... pois pudera!!!

Apesar de tudo e posto perante o que foi apresentado, nomeadamente em relação á capacidade que o Clube teria de, com a nova estrutura, fazer receitas que permitiriam pagá-la em 12 anos (creio que era este o prazo inicial), poupando ao mesmo tempo as tais verbas gastas no “excesso” de manutenção do antigo Alvalade, acabei por aceitar a opção do estádio próprio.

Ainda não estava plenamente convencido e já torcia o nariz ao facto da empresa que havia tratado do processo até então, a holandesa Ballast se não me falha a memória, ter sido afastada do processo sem se saber bem porquê, levando é claro a correspondente indemnização, cerca de 1.5 milhões de euros continuando a confiar na memória.

Mal refeito da surpresa sou confrontado com outra “novidade”... vamos ter um fosso, qual castelo medieval, entre o publico e o relvado. Um fosso??!! Iriamos trocar uma pista de atletismo (que deveria ter sido construida no campo principal da Academia, já que falo do assunto) por um buraco??!! Dizem que seria para tornar a nova infraestrutura polivalente, já que assim estaria em condições de receber concertos, o que já se sabe é uma fonte de receita cada vez mais valorizada!!! Alvalade tem quase 3 anos, a quantos concertos já foram?

A seguir nova machadada na minha já debilitada confiança. Afinal o projecto inicial para 42 mil espectadores (número que em 10 anos de presença em Alvalade terei visto sido alcançado meia dúzia de vezes), foi modificado para os actuais 52 mil (50 mil dizem, por causa da estória dos écrans video, outro problema herdado da mudança de projecto), abandonando o Clube a construção do pavilhão para as modalidades amadoras (porque ecletismo não é o mesmo que profissionalismo Sr. Pires de Lima) e aumentando o investimento em mais cerca de 20 a 25 milhões de euros... pelo menos.

Escusado será dizer que por esta altura já eu estava práticamente convencido que a estratégia estava errada, mantendo apenas uma ténue esperança de que o planeamento estivesse certo e as receitas a obter fossem mesmo suficientes para pagar a “megalomania”.

10 milhões de euros anuais, disseram “eles”... era quanto iriamos arrecadar na exploração do conjunto Estádio/Alvaláxia. Eu confiei, com reservas!


Actualmente posso afirmar sem problema nenhum que se soubesse o que sei hoje e pudesse ter decidido sózinho o rumo a tomar (depois do que acabei de escrever podem mesmo ver que nem necessitaria de esperar 10 anos para tomar a decisão), o Sporting teria, quanto muito, um estádio para 40 mil pessoas, sem écrans, sem fosso, sem uma apendicite chamada Alvaláxia (poderia ter uma estrutura do género, mas nunca pegada ao próprio estádio), mas com um pavilhão preparado para receber espectadores e destinado ás nossas modalidades amadoras (a todas) de formação, com um custo muito inferior.

E já que estou no tema Estádio, assumo também que o teria imaginado maximizando o espaço de tal forma que fosse possivel que nele funcionassem os serviços administrativos do Sporting, nomeadamente um espaço próprio que seria a Sede do Clube, talvez sem o luxo das antigas Sedes, certamente sem a imponência do actual edificio Visconde, mas ainda assim respeitando a importância e a tradição de um Sporting em dificuldades financeiras mas que, mesmo a um nível inferior, respeita a sua Historia.

E sobretudo sem as “amarras” financeiras que, ao contrário daquilo que foi prometido e tido como a estratégia correcta para o futuro do Sporting, é hoje motivo de preocupação e de mostra de incompetência pura, aliada a uma falta de vergonha e assunção das responsabilidades por quem fez a gestão de todo este processo.

O que mais desejo é que os Sportinguistas presentes na próxima AG recordem tudo aquilo que se passou nestes ultimos 10 anos, e se recusem a passar nova “carta branca” aos mesmos senhores que levaram o Clube até á beira do precipicio.