Academia Sporting
Agora, que os Sportinguistas apoiantes de quase 11 anos de Projecto lançam mão deste argumento para suportar anos de “loucura colectiva”, comento finalmente o assunto, que mais não seja para não deixar instalar uma ideia que não corresponde á verdade, embora o tema merecesse uma outra perspectiva... mas não ando com a mentalidade certa para esse efeito.
Que fique claro que apoio a 100% uma politica EFECTIVA de aproveitamento da qualidade da nossa formação, traduzida num plantel profissional constituido na sua maioria por jogadores oriundos das camadas jovens.
Só que não tem sido essa a realidade do Sporting nos ultimos anos (não o foi nunca, é uma realidade, mas também nunca foi um factor chave tão publicitado como começou a ser a partir de certa altura) , por mais que se mencionem os casos óbvios de Viana, Quaresma, Ronaldo, Moutinho ou mesmo Nani.
A Formação do Sporting foi de extrema qualidade desde sempre. São inumeros os casos de excelentes, bons ou razoáveis jogadores que saíram das nossas escolas e fizeram carreira no futebol nacional, e não o reconhecer para falar “apenas” das pérolas que despontaram de forma até agora indirecta da Academia, torna-se um exercicio injusto para as equipas de técnicos, alguns velhas glórias do Clube, que sempre emprestaram a sua capacidade ao Sporting com abnegação e entregas inexcediveis.
Pessoalmente acho que quase sempre (não só nos últimos anos) desaproveitámos essa riqueza, não sabendo como integrar os jovens jogadores em planteis que estiveram sempre mal estruturados e sem capacidade de potenciar as qualidades da “miudagem”.
Claro está que a transformação que o futebol sofreu, sobretudo a partir do Acordo Bosman, levou a uma maior abertura dos mercados e naturalmente ao incremento da possibilidade de “fazer negócio” com jogadores cada vez mais jovens e com menos experiência profissional, por montantes que há 20 anos seriam impensáveis.
Que fique claro, a aposta na Academia foi um passo fundamental e diria mesmo inadiável, com estes ou quaisquer outros dirigentes, tendo em vista a melhoria das condições de trabalho das equipas de futebol do Sporting, mas não queiramos desvirtuar a realidade, e essa é que fomos Campeões sem as condições proporcionadas pela Academia, tal como a ultima equipa a quem deram o campeonato também o conseguiu treinando com a “casa ás costas”.
Além do mais é necessário não esquecer o falhanço completo que foi a aposta (não sustentada) no desenvolvimento da equipa B, opção que andou sempre num limbo que nunca se percebeu, para mais gerida por um técnico reconhecidamente incapaz, factor a que se juntou a costela benfiquista de alguém que chegou a ser membro de uma das claques do nosso rival vermelho.
E não podemos também escamotear alguns factos, que sustentam a ideia de que no passado se apostava mais na “prata da casa”... mesmo que essa não fosse uma opção assumida e sobretudo massivamente publicitada.
Não o fiz de forma exaustiva, o processo foi simples. Considerei os jogadores provenientes das escolas do Clube com 10 ou mais jogos na equipa principal, partindo da época actual e recuando em períodos de 4 anos até á época de 1986... há 20 anos atrás.
Creio que os resultados não deixam de ser sintomáticos. O número de jogadores formados em Alvalade em acção na equipa principal são:
2006 – Miguel Garcia, Custódio (apesar do percurso “desviante”), Moutinho, Nani e Carlos Martins.
2002 – Hugo Viana, Quaresma, Beto
1998 – Simão e Beto
1994 – Porfirio, Marinho, Poejo, Cadete, Peixe, Figo e Paulo Torres
1990 – Paulo Torres, Lima, Marinho, Carlos Xavier, Cadete e Venâncio
1986 – Litos, Carlos Xavier, Venâncio, Mário Jorge, Fernando Mendes, Morato e Vitor Damas
Em resumo... sim, as condições de trabalho (e formação) eram muito piores, mas apesar de tudo a aposta na “prata da casa” era maior.
Deixo o testemunho, que é meu e sujeito a critica, claro está, mas creio que não anda muito longe da realidade e sobretudo não está nada em linha com o pensamento dos que defendem a gestão dos actuais dirigentes do Clube nesta vertente do aproveitamento da formação, ponto que era um dos pilares do Projecto Roquette desde o inicio.
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