quarta-feira, fevereiro 08, 2006

As finanças da SAD

Já o tinha referido antes, este é um exercicio complicado, assente em premissas que podem não estar correctas, quer pela minha falta de preparação para o tema, quer pela veracidade da informação disponibilizada aos Sportinguistas, quer ainda pelas vicissitudes que acompanham a gestão do fenomeno futebolistico.

Mas passemos ao que interessa... as contas da área profissional de futebol do Sporting.

Desconheço em absoluto que peso arrastamos relativamente ás amortizações dos exercicios anteriores da SAD. Há quem mencione os 30 milhões de euros, não sei se o numero está correcto, mas para a finalidade deste post também não interessa assim tanto.

Retirando da “equação” o peso especifico desses encargos e tomando como verdadeiras as contas que são apresentadas desde o inicio de 2000, parece-me que o Sporting, no desenvolvimento da área profissional de futebol, terá todas as condições para apresentar resultados equilibrados, desde que reunidos alguns factores, não muito dificeis de alcançar... mas que requerem algum esforço, coerencia e sobretudo uma aposta renovada e forte nos Sportinguistas, colocando-os no centro da actividade do Clube.

Receitas

Para tal o Clube necessita fazer algo como 30 milhões de euros de receitas anuais, não incluindo valores de transferências de jogadores e assumindo “apenas” uma participação normal nas provas da UEFA (normal não quer dizer ser eliminados por carpinteiros suecos).

Neste cenário existem 3 áreas que só por si gerariam receitas “extra” superiores aos 4 milhões de euros anuais, tendo por base uma maior aproximação dos Sportinguistas ao Clube, o que implica naturalmente as tais “contrapartidas” em relação ao comportamento dos dirigentes para com os Sportinguistas:

- Um aumento de 25% nas receitas de bilheteira, quanto a mim um objectivo possivel com um plano correcto de programação dos jogos em Alvalade (sobretudo em termos de horário) e uma re-avaliação da tabela de preços.

- Um aumento de 20% na venda de lugares de época, traduzindo-se em cerca de mais 6 mil lugares do que actualmente. Creio que é um objectivo também possivel, desde que seja dado um outro enfase á qualidade do plantel, em detrimento das “negociatas” que só interessam a alguns... e nem sequer é necessário aumentar os custos com o pessoal, antes pelo contrário.

- Um aumento de 50% dos sócios pagantes, passando dos actuais 30.000 (numeros do próprio Sporting) para pelo menos 60.000, numero bem mais consentâneo com a grandeza do Clube.

Custos

O Sporting terá de reduzir (sim, é verdade) os seus custos em cerca de 2.5 milhões de euros/ano, básicamente na verba relativa a pagamentos a pessoal, embora esteja convencido que parte desse valor possa ser cortado noutras despesas, mas sempre num montante sem grande expressão.

A questão que se coloca é se será possivel manter (ou chegar a) uma equipa competitiva com este tipo de orçamento (não chegando aos 18 milhões de euros anuais). Eu acho que sim, estou mesmo convencido que será de todos, o objectivo mais fácil de atingir, desde que... á frente dos destinos da SAD esteja gente conhecedora do meio e qualificada. E que o tecto salarial em vigor seja anulado, mantendo (reduzindo até neste caso) o orçamento mas distribuindo-o de outra forma.

Neste caso especifico deixo uma ideia muito geral do que preconizo:

Um Director Profissional para a área (o unico com direito a remuneração), apoiado por dirigentes “amadores”, isto é, por Sportinguistas dispostos a trabalhar pelo Sporting pelo simples prazer e suprema honra de servir o Clube.

Sete técnicos (entre os quais o principal) com responsabilidades globais na organização de todo o edificio futebolistico, desde os Infantis aos Seniores.

Vinte e dois elementos de apoio directo á área, distribuidos pelos vários departamentos que compõem actualmente o elenco de um grupo destas caracteristicas (Médico, Comunicação, Legal, Administrativo etc...).

Diria que com estes 30 profissionais o Sporting gastaria pouco mais de 2.5 milhões/ano.

Em termos de profissionais (os jogadores), um grupo de cerca de 30 elementos, entre jogadores emprestados, Juniores e alguns Juvenis que pelo seu potencial obriguem á elaboração de um contrato profissional.

Seriam mais cerca de 2.5 milhões/ano.

Finalmente o plantel senior, composto por não mais de 19 profissionais, divididos em 4 grandes grupos em termos salariais, dependendo claro está da correcta avaliação em termos qualitativos:

- O Grupo A, com um tecto salarial de 100 mil euros (5 jogadores)
- O Grupo B, com um tecto salarial de 50 mil euros (5 jogadores)
- O Grupo C, com um tecto salarial de 25 mil euros (5 jogadores)
- O Grupo D, com um tecto salarial de 15 mil euros (4 jogadores)

Orçamento total para o plantel profissional de cerca de 13 milhões de euros/ano, não incluindo prémios.

Na questão dos prémios assumo que sou contra um politica baseada na compensação de acordo com o rendimento obtido, embora defenda que atingindo certos objectivos que nos proporcionem um aumento dos lucros, estes devam ser repartidos por aqueles que, embora pagos para renderem sempre a 100%, mais contribuirem para os resultados.

Volto ao ponto de partida deste post... a questão do peso das amortizações. Esse é talvez o principal problema que necessitamos resolver e para tal concordo, á falta de melhor informação (parece que as sessões de esclarecimento estão reservadas só aos que fazem barulho ou prometem pancada), não me choca que se capitalize na venda das estruturas imobiliárias que, de forma segura, não seja possivel fazer render a muito curto prazo.

Resta no entanto a questão... sem os rendimentos que era suposto essas estruturas providenciarem ao Clube, e se confiarmos que o equilibrio financeiro na SAD para o futebol é possivel (e provavel), como se paga a Academia e o Estádio?
Por outras palavras... qual o verdadeiro estado, não apenas das finanças da SAD, mas sobretudo das do Sporting Clube de Portugal?